Páginas

sexta-feira, 10 de novembro de 2017

[RESENHA] BREAKING BAD




Breaking Bad foi uma série de televisão americana exibida pelo canal AMC. Ela estreou no dia 20 de janeiro de 2008 e se encerrou em 29 de setembro de 2013, totalizando cinco temporadas ao todo. A série foi criada por Vince Gilligan e retrata a história de Walter White, professor de Química de uma escola em Albuquerque, Novo México. Ao descobrir que tem câncer no pulmão ele decide produzir e vender metanfetamina para acumular dinheiro para sua família.

   O câncer não é a única característica importante que vemos em Walter White no começo da história. Podemos dizer que a sua condição como homem, no sentido viril do termo, está comprometida. Vemos um homem sem apetite sexual para com sua esposa, intimidado por ela, intimidado pelo cunhado expansivo que trabalha como policial no departamento de narcóticos e frustrado pelos seus trabalhos como professor e funcionário de um lavajato. Talvez, ele já estivesse à beira de um colapso e ninguém estivesse percebendo. Podemos dizer que Walter White era alguém invisível. Mas, isso vai mudando à medida que ele vai entrando no mundo do tráfico de drogas com seu ex-aluno e novo sócio, Jesse Pinkman. Walter White vai mudando ao longo da história, até assumir uma posição típica de anti-herói. A expressão breaking bad é uma gíria que designa alguém que sai dos bons caminhos e começa a tomar atitudes erradas. Isso é o que acontece com o protagonista ao longo da série.


Bryan Craston como Walter White.

   A série não teria funcionado sem as brilhantes atuações de Bryan Craston, como Walter White; e de Aaron Paul, como Jesse Pinkman. A dupla funciona muito bem em cena, sejam nos momentos de comédia, sejam nas cenas mais dramáticas. Bryan ganhou quatro prêmios Emmys por sua atuação na série e Aaron ganhou dois, mostrando um pouco o reconhecimento do bom trabalho dos dois. Não só eles atuam bem, mas todo o elenco trabalha muito bem e sustenta a série com atuações seguras.


Aaron Paul e Bryan Craston.

   Tecnicamente é uma das melhores séries já feitas. Boa fotografia, excelente direção e um roteiro maravilhoso que rende cenas históricas (as minhas preferidas estão na já famosa fala “I´m the one who knocks” e a cena na quinta temporada “say my name”). Reviravoltas muito bem construídas ao longo da trama e um final seguro, bem amarrado, sem tentativas mirabolantes de resolver as pendências. Breaking Bad nos apresenta um personagem extremamente interessante em Walter White. Acompanhamos a sua construção como chefão do tráfico até a sua derrocada no final. Você torce por alguém que toma uma série de decisões moralmente questionáveis e sofre com ele no final. O anti-herói é punido no desfecho, como a dramaturgia americana gosta de fazer, mas isso não compromete a série. Walter White é um “herói” doente, que não sabe brigar, que se enrola em coisas simples, mas que também é brilhante em outras situações. Uma história recheada de personagens verossímeis, interessantes, acompanhada por uma trilha sonora redonda. Muito recomendada, mas com uma ressalva. Os primeiros episódios têm um ritmo mais lento que pode fazer com que algumas pessoas não se interessem por continuar. Mas, vale a pena. Cinco estrelas sem medo.


Leonardo Falconeri
Leia Mais ››

quarta-feira, 25 de outubro de 2017

[RESENHA] HEMLOCK GROVE



Hemlock Grove é uma série feita pela Netflix e lançada em 2013 com término em 2015. Constituída de três temporadas, ela se baseia num livro de mesmo nome e que fora lançado em 2012, por Brian McGreevy. A sua primeira temporada segue mais de perto o livro e eu considero a melhor de todas as três (ou a única boa). A história trata de um tema sempre interessante e instigador: lobisomens, criaturas sombrias e uma nova espécie, parecida com um vampiro, mas chamada de upir. Esse termo se refere a lendas eslavas e romenas sobre criaturas que se alimentam de sangue. Isso coloca as premissas sobrenaturais da história.

   Paralelo a isso vemos a amizade dos dois personagens principais, Peter Rumancek e Roman Godfrey. O primeiro se transforma em lobo nas noites de lua cheia, cigano, pobre e andarilho. O segundo, upir (a princípio não se dá conta disso), rico e herdeiro de uma fortuna. A dicotomia está aí estabelecida. O interessante da primeira temporada é a apresentação desses elementos ao mesmo tempo em que vão ocorrendo assassinatos misteriosos cometidos por alguma fera desconhecida. Isso vai gerando um clima de suspense e tensão bem interessantes. A cidade, de mesmo nome da série, vai apresentando mistérios, como a prima de Roman, Letha Godfrey, ter engravidado de um anjo. Esses e outros mistérios vão ajudando a prender a atenção do público.

Peter Rumancek e Roman Godfrey.

   A primeira temporada transcorre diante desse clima, sobrevive a alguns episódios desnecessários e chega o clímax com a revelação do(a) assassino(a) e o eventual conflito que se segue. A história da primeira temporada termina com muitas possibilidades (a transformação de Roman, a criança de Letha, o projeto Ouruboros, o que teria acontecido com Shelley, irmã de Roman) e deixa um grande ânimo para o restante da série. Bem, é a partir daí que muitos problemas surgem. Talvez, porque a primeira temporada segue o livro e termina mais ou menos da forma que o livro termina. A segunda temporada iria seguir a trilha dos personagens, mas sem o livro como base para o roteiro.


   Todas essas pontas soltas que ficaram na primeira temporada se perdem. O clima de mistério e tensão da primeira temporada vai se perdendo pouco a pouco. Resoluções forçadas, como a de Peter não viajar com sua mãe para continuar investigando os seus sonhos demonstram a fragilidade do roteiro (coroada com uma linha de fala horrível da mãe de Peter: “As pessoas de Hemlock Grove precisam de você. É muito importante que você fique”). A temática da ordem do dragão e de sua relação com a Igreja Católica não são bem aproveitadas e desenvolvidas. E o promissor percurso de Roman como upir decepciona em todos os sentidos. O que ainda alenta como um suspiro de retomada é a cena final da segunda temporada, deixando um grande cliffhanger com a apresentação de uma nova besta (uma espécie de dragão alado enorme) cuja origem não se havia dado nenhuma informação.

   A terceira e última temporada é a pior de todas. Vindo com a proposta de ser um “fechamento da história”, ela não faz isso bem. O principal problema está na queda do personagem de Peter Rumancek. Desde o início o protagonismo está dividido entre ele e Roman, e sob muitos aspectos ele é o personagem principal da primeira temporada. Na terceira temporada ele cai muito no seu destaque. A sua trama regride para uma subtrama sem muito apelo, mesmo sendo ele o personagem melhor desenvolvido ao logo da série. O seu parceiro, Roman, é afetado pelo péssimo trabalho do ator, Bill Skarsgård, que simplesmente não convence muito. A terceira temporada foca mais no desenvolvimento das peculiaridades da raça dos upir. Mas, isso em nenhum momento prende o público. O vilão lançado no final da segunda temporada e apresentado como virtualmente invulnerável possui como única fraqueza uma toxina produzida pela mordida dos upirs (sério que cientistas brilhantes como Pryce não cogitaram isso em nenhum momento anterior?) que é revelada no final.

Camille de Pazzis como Annie Archambeau.

   A personagem nova, Annie, no final das contas é totalmente inútil. Não acrescenta muita coisa e apresenta um dos piores momentos de psicologia dos personagens da série. Apresentando-se como filha perdida de Olivia Godfrey e também como uma upir, ela se mostra afetiva, boazinha e disposta a um bom relacionamento com a mãe fria e distante. Para, subitamente, no episódio final revelar que sempre soube que a mãe tinha matado o pai dela, que a estava testando. Testando para quê? Isso nunca saberemos e talvez nem mesmo os roteiristas saibam.

   Por fim, vale elogiar a cena de confronto entre Peter e Roman, ambos no auge de suas capacidades sobrenaturais. As cenas são boas e o diálogo está à altura do relacionamento dos dois (talvez pelo fato de Peter como lobo não poder responder, não cai em um clichê melodramático). A trilha sonora é boa, mas com nada arrebatador. As melhores tomadas e cenas ficam para a primeira temporada, em particular o primeiro episódio que é muito bem feito. Mas as atuações fracas, os furos no roteiro, as forçadas e reviravoltas sem sentido comprometem a série como um todo. Ela é válida para os amantes de histórias de lobisomem, vampiros (upirs) e coisas do gênero. E mesmo com esses problemas todos, a série gerou em mim um vínculo bom com a história toda. E com alguns personagens. Especialmente o lobo que só se arrebenta enquanto tenta fazer o bem. Classifico com 3 estrelas.


Leonardo Falconeri

Leia Mais ››